E se a minha filha fosse afegã?

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Não consigo imaginar que um dia a minha filha não possa ser quem é,

tal como é e nasceu para ser,

curiosa e divertida,

que quer ser mãe e mulher crescida,

seguir os sonhos e voar alto na vida.

Não consigo imaginar que um dia ela não possa falar porque isso não lhe é permitido,

porque esse direito lhe está proibido.

que não possa sorrir e mostrar alegria, porque corre o risco de ser agredida por alguém,

um ser ignóbil, um qualquer sujeito incapaz de honrar a própria mãe,

porque foi educado como um ser superior,

por ser homem e se julgar um senhor,

do mundo, dos direitos dos outros e de poder fazer o que lhe apetecer,

maltratar e ofender por prazer,

e na cultura em que se construiu com outros iguais,

poder ignorar os direitos de outras pessoas normais,

sobretudo mulheres na linha da frente porque não chegam a ser gente,

porque são apenas escravas de prazer, para cuidar e para ter,

em casa onde é o seu lugar, a tratar e a venerar,

o seu mestre superior, o seu homem, o seu bem maior,

e tudo o que ele representa para si.

 

É difícil imaginar que hoje há pessoas de verdade a viver esta atrocidade,

nesta dita civilizada sociedade que estamos a construir,

quando sabemos tudo o que se passa em qualquer parte de mundo,

onde podemos ver e ouvir,

podemos ler e conhecer,

mas sentados à distância não sabemos o que fazer,

como se pode ajudar, para além de lamentar,

de condenar, de gritar bem alto que isto não se faz, que não se vive assim,

sem dignidade, sem direitos humanos, sem humanidade,

sem respeito, tudo isto é apenas caminhar para o fim.

 

O que se passa no Afeganistão, na Coreia e no Irão,

com o fundamentalismo da religião ou qualquer outra justificação,

vem relembrar que ainda há muita gente que, estando errada, pensa que tem razão,

porque a sua verdade, também vem do coração,

doente por certo, mas com o mesmo direito do meu irmão,

e assim se vai, dia após dia, deturpando a realidade da igualdade,

mascarada pela falsa liberdade,

que se exibe como uma mera formalidade,

nas reuniões dessa grande Organização que une as nações

 

É bom não esquecer que há muitos mais exemplos por aí,

e se quem exibe o dedo apontado também comete igual pecado, isso chama-se hipocrisia,

porque afinal o problema já existia,

e sempre existiu em muitos outros países,

outras comunidades, vilas e cidades,

por vezes bem perto de nós,

e que à escala global, este problema geral, de falta de respeito pelas mulheres,

pela falta de oportunidades, pelas desigualdades e atrocidades,

continua a ser um flagelo da Humanidade.

 

Nesta época de evolução global, de renovação da sociedade,

de construir um caminho com mais sabedoria e humildade,

que este assunto não fique perdido no egocentrismo dos modelos atuais,

na testosterona dos líderes habituais,

figurões, líderes adúlteros de multidões,

e que mais do que homens ou mulheres, sejam pessoas íntegras a construir o futuro,

aquelas que não alimentam divisões, que condenam fações,

que estão longe dos protagonismos e não têm medo da igualdade,

porque entendem que a essência comum é o que une na individualidade,

de eu ser quem sou, porque respeito o outro alguém,

e que o meu poder não se deve nunca sobrepor a ninguém.

 

Não consigo imaginar que um dia a minha filha não possa ser quem é,

tal como é e nasceu para ser,

e vou batalhar como homem e pai,

para que isso nunca venha a acontecer.

Porque a educação das nossas crianças começa nas nossas casas,

que todos os pais tenham sabedoria para explicar aos filhos o que está por aí a acontecer,

para que um dia estas lições de história sejam apenas memória,

do percurso que a Humanidade teve de fazer,

das adversidades que teve de superar,

do caos que esteve para acontecer,

mas que juntos conseguimos evitar!

  • human rights

Exposição “The Other Side – 360º” – Solar dos Zagallos, Almada

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Vai estar em exposição de 4 de março a 30 de abril, no Solar dos Zagallos, na Sobreda, em ALMADA, uma exposição de obras do artista Zacky Santos.

As peças são produzidas com uso de técnicas de spraypainting e x-ato sobre painéis ou caixas de cartão canelado grosso reciclado, que permite criar composições com uma profundidade tridimensional, numa intervenção muito próxima do que é a “street art/ graffiti”, na fronteira entre a pintura e a escultura, e com maior tendência para a expressão plástica e visual.

Representam imagens ou situações do nosso mundo e pretendem criar proximidade e afinidade com quem as observa, e que habitualmente é apreciador de expressões artísticas ligadas ao humanismo e à natureza das coisas.

CONCEITO

É um projeto de consciencialização ambiental, social e humana que quer contribuir para a mudança/evolução de comportamentos com impacto positivo nas nossas vidas e na vida do planeta que habitamos.

Na vida tudo tem dois lados. Diferentes, mas ligados, o que muda é a perspectiva.

Cada obra tem duas visões distintas sobre uma mesma realidade, porque há sempre o outro lado do que vemos, há sempre algo que não conhecemos.

Por norma a observação de peças artísticas visuais (pintura, escultura, desenho, ou outras) carece de um momento de “conversa aberta” com o artista que permita perceber as suas motivações ou seus objetivos e possibilite a troca de ideias sobre o impacto das peças expostas.

A falta deste diálogo foi o ponto de partida do projeto que apresento e que pretende dar voz às obras expostas e aos visitantes para ouvir o que ambos têm para dizer a quem os escuta.

Todos podemos fazer a diferença positiva, muda quem quer mudar!

Conta Comigo

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Se souberes contar vem ter comigo.
Estou aqui a olhar o céu, e sozinho não consigo abraçar tudo o que vejo.
Se puderes vir não te atrases, vem depressa,
A lua está cercada e queria saber quantos são..
Na ponta do dedo vejo mais um, mas não consigo, preciso de ti!
Sorrio, ao ver-te chegar.
Sentas-te ao meu lado e começas a contar.
Um, dois, três, quatro, perguntas-me quantos mais pontos de luz estarão a brilhar..
Não sei ao certo, ajudo-te a procurar.
Mas, de verdade, contigo ao meu lado, já nem me apetece contar.
Se há coisas que esta vida em ensinou é que o amor vive para além do céu que podemos alcançar,
E que em cada ponto de luz, existem histórias, memórias de gente que viveu noutra era, noutros tempos, o mesmo amor que aqui podemos experimentar,
Não é preciso ver para crer, basta sentir, e não ter medo de existir para além da eternidade.
Ser criança é viver na imaginação permanente, de acreditar que está tudo bem enquanto tivermos alguém ao nosso lado, com quem podemos contar as estrelas do céu.
Seja sempre o nosso dia.
Hoje e sempre para todos.
Feliz dia das crianças!

O coração existe pra sonhar

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Hoje acordei com vontade de ser pai!

De ter alguém ao meu lado pra ajudar, pra ensinar, para levar pela mão e dizer que o coração existe pra sonhar..

Acordei com ganas de fazer acreditar que vale a pena, porque os meus filhos merecem a oportunidade… e um dia quando tiverem idade, vão crescer, vão saber reconhecer, saber lembrar, de como foi bom aprender e crescer com alguém, com o pai, com a mãe..

Olho para trás e não me comparo com ninguém, nem com o meu pai nem com a minha mãe, .. não é justo, afinal quem sou eu para julgar, é preciso respeitar e aceitar que somos todos diferentes.

Não tenho traumas, ou se tenho prefiro pensar que são meus amigos, para não me baterem ou fazerem mal.

Hoje acordei com vontade de gritar, que gosto de ser pai, que gosto de amar, mas ainda estou a aprender, a viver, todos os dias e também posso errar, e falhar, e está tudo bem..,

se soubermos que a seguir podemos continuar, a tentar, porque vale, vale tanto a pena não desistir, vale tanto a pena aprender e ensinar, os filhos que amamos e um dia iremos deixar..

Haja liberdade para todos os pais e mães do mundo terem esta sensação, de que o coração existe para sonhar, e todas as crianças estarão à nossa volta, a brincar, a ser felizes, a aprender… para um dia poderem ensinar.

Hoje abri o meu coração pra falar, pra ensinar que há palavras que devem ser ditas, porém o silêncio às vezes diz tudo, e o coração que bate baixinho, em murmúrios, em silêncio, também tem direito a ser feliz.