Quando acontece alguma coisa que mexe connosco, que nos provoca reação, significa que estamos em plena interação com o Mundo que nos rodeia, e é por isso que existimos, para sentir e para ter emoções, pois doutra forma nem sequer estamos a viver.
Quando essa coisa acontece, damos-lhe importância e valor, e entre a coisa mais importante ou aquela que nem interessa falar, não há limites para os meios tons que se podem encontrar.
Cada pessoa tem a sua escala de valor e não adianta criar moldes para formatar o que não pode estar preso e é livre de ser e existir. Quando nos dizem que devemos dar mais ou menos importância a algo que nos aconteceu, é sempre o ponto de vista do outro que está em jogo. Na realidade não há esse dever ou obrigação e tudo é permitido na liberdade da nossa escolha, de querer sofrer a valer, ou fingir que não está a acontecer, ou pular de euforia e gritar como se o amanhã não vá ser dia.
Mas por vezes não estamos preparados para o que está a acontecer e somos surpreendidos, e mesmo assim queremos escolher, e seguimos outros que nos parecem acertados, que são para nós exemplos e até idolatrados.
A liberdade de sentir é um dos grandes desafios do ser humano.
Porque o Mundo organizado das sociedades desenvolvidas, não está preparado para as nossas investidas, não está assente em devaneios individuais, não alimenta sonhadores e liberais, e ninguém está para aturar o que eu sinto ou penso, simplesmente por tolerância, amor ou compreensão, porque afinal todos querem ser ouvidos e todos assumem como seu a direito de também gritar.
Geram-se confusões, misturam-se emoções e aproveitam-se os momentos para ir mais além do respeito que devia existir, escasseia a sobriedade e a moderação, e muitos perdem-se embriagados pelo ego e pelo desejo de afirmação, em comportamentos de revolta, gritos de ira, fomentando o caos e a destruição.
Perde-se o propósito que fez nascer a admiração, e os que alcançam deixam de querer seguir o exemplo e saem fora da manifestação. Tarde, porque o que ficou feito não vai mudar, e a violência das multidões demora a acalmar, a sociedade prossegue o seu progresso, e sem a maioria perceber continua a desmoronar.
Era bom que o Homem pudesse subir ao céu e ver o tamanho do Universo. Perceber como é pequeno, como um dilema ou euforia que lhe acontece tem por si pouco valor, e só quando se junta a milhões de outros dilemas ou euforias, de tantos outros Maneis e Marias, é que assume importância maior.
Tudo deve ser colocado em perspetiva a todo o sempre, sem dogmas ou padrões, porque a importância das coisas não passa de um momento de ficção que nasce no pensamento humano, gera sentimento e comportamento, e segue caminho quedando-se inerte no final do seu tempo.
Não se faça da liberdade de expressão um motivo para quezílias, guerra e violência. O respeito pelas escolhas de cada um tem de ser naturalmente o elemento de equilíbrio e harmonia de uma sociedade humanamente desenvolvida, e se for possível resgatar a essência do que quer dizer “Humanidade”, então é para aí que devemos caminhar, e um dia…, quando muitos pensarem assim, será possível materializar o nosso pensamento, e perceber que a importância das coisas é muito leve, tão leve que quase sempre pode ser levada pelo vento.
Por respeito à liberdade a violência nunca é solução.
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