As nossas ações têm consequências.
A forma como observamos o mundo que nos rodeia, assente nas crenças e nos valores que defendemos, que aprendemos a respeitar, que seguimos muitas vezes sem questionar, e um dia iremos ensinar, condiciona o caminho que todos os dias vamos fazendo, nas dificuldades e desafios que ultrapassamos, nas benesses e ofertas que saudamos, e nem sempre partilhamos, tudo é fruto, tudo resulta das escolhas que se fazem a toda a hora. Isto é um facto.
Pouco importa se acreditamos numa orquestração natural divina ou se pensamos que tudo é obra do acaso, porque em qualquer das situações é pura magia ver a forma como a vida acontece, e mesmo de olhos fechados e braços cruzados o mundo à nossa volta não para de fervilhar e as coisas não deixam de acontecer.
Tudo é relativo. Não como frase feita de ânimo leve, mas porque realmente tudo é vivido e sentido a cada instante em função das circunstâncias daquele momento, daquele local, daquele contexto, daquele tempo, das pessoas envolvidas e do seu estado de alma, da rebelião ou da calma, e de tudo o que em conjunto tornou aquela situação única e irrepetível, que não será de novo possível, igual ao que já foi. Isto também é um facto.
Se não soubermos entender e aceitar estas condições será mais difícil viver.
O valor e a importância que damos a tudo o que nos rodeia, o que nos vêm à ideia, ao que se cruza connosco trazido pelo vento, seja em pensamento ou materialização, pessoas que amamos ou então não, bens materiais e coisas banais, circunstâncias, experiências e vivências, tudo é momentâneo e num segundo muda o significado que tem para nós.
A liberdade de fazer o que me apetece é real, se eu souber que ela existe para todos de igual forma, e se sei exigir o respeito pelas minhas escolhas tenho de saber dar o respeito às escolhas dos outros. Naturalmente tudo isto se mistura e daí resultam consequências que direta ou indiretamente me afetam e impactam também outros ao meu redor.
O que nos marca é aquilo que escolhemos dar valor, é onde decidimos gastar a nossa energia, as nossas palavras, onde deixamos ir a nossa atenção e a intensidade com que se vive um instante deve dosear a aceitação e a busca da compreensão.
O segredo, que não é mais do que sabedoria do comum ancião, é entender que há sempre o outro lado da nossa primeira impressão, que há outra forma de ver a situação, e que tudo o que possa existir nesse acontecimento está ao nosso alcance para ser decifrado e interpretado, para dar algum sentido ao nosso estado, de observador e ao mesmo tempo ator, e que gostando ou não do que acabou de acontecer, esse instante não vai desaparecer do mapa do tempo, que já lá vai e não volta, e tudo o que vai ficar é a memória que guardamos dele enquanto o quisermos recordar.
Em tempos de incerteza tão vincada, qualquer a verdade de hoje pode amanhã ser questionada e as lutas travadas irão perder o sentido, se alguma vez o tiveram, porque faltou visão e compreensão de que tudo é uma questão de opinião, e que os dogmas, tal como o resto, estão também sempre em evolução.
Em bebés, enquanto pequenos seres humanos, levámos muitos meses a aprender a falar e a andar, porém durante todo esse tempo nunca deixámos de sentir, de observar e com isso evoluir… Essa é pois a nossa essência de sempre… saber ser “um humano”, saber sentir, saber observar e saber evoluir.
Fazer as nossas escolhas, com a nossa consciência, pela nossa cabeça, assumindo a responsabilidade pelas consequências que geramos e acolhendo todas as outras que nos afetam a todos, é uma condição de vida em sociedade que irá ditar grande parte do futuro da nossa Humanidade.
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